domingo, 27 de julho de 2008

I Can't Find You

Percorremos mil caminhos em vão. Sei que os nossos destinos não se vão voltar a cruzar como naquele entardecer. Tolero a pena do desencontro só porque tem de ser, tenho de me conformar em ter-te perdido para sempre. Não sei onde estás, mas sei para onde vou. Penso em procurar-te em becos e florestas, numa qualquer madrugada ou no transcender do tempo que passa.
O comboio está de partida. No apeadeiro amontoam-se pessoas, vestidos cintilantes com os primeiros raios de Sol, gravatas mal apertadas, pastas esbeiçadas e óculos sujos. Vêm da periferia trabalhar. Os meus olhos procuram os teus em cada par que se cruza com eles. Não sei o que faço aqui, sei que preciso de ti! Vivo o vazio de um dia após outro, sentindo-me só. Outrora teríamos conquistado o mundo com os nossos sorrisos e olhares cúmplices. Agora não passamos de uma inválida promessa de encontro e despedida.

quinta-feira, 17 de julho de 2008

O elefante na sala


Gosto dos origamis, da cor que imprimem à tridimensionalidade do espaço conquistado ao papel. Vejo imensos origamis, muitas formas, cães, gatos, estruturas orgânicas, átomos e moléculos, efeitos de alucinação, um devaneio de uma qualquer noite de Verão. Desenho os meus pensamentos entre caos, saudade, ternura e uma imensa vontade de me ultrapassar. Sei de um rio onde as únicas estrelas nele sempre revelado (como diz o fado) são imensos origamis a perder de vista, bolas de sabão soltas e pó multicor, brilhos dourados e um leve nevoeiro, crepitante ao passar do Cacilheiro.
Plim! Tchum! Poim! Poim! O meu corpo desloca-se, qual bola de Pimball, entre as formas, embatendo ao som de campainhas e perco-me a rir. Morri umas cem vezes... Não acredito em sonhos presos nas estrelas pousadas sobre o mar, acredito em mim!

sexta-feira, 11 de julho de 2008

Cansado


Ir para a cama às nove da noite no Verão não é coisa muito comum em mim. Primeiro porque a essa hora começa a fazer-se sentir mais fresco e a brisa do rio invade a cidade, para nos aliviar e nos ajudar a respirar, já que o calor diurno só nos faz transpirar a roupa e colapsar os pensamentos. E depois porque poderia ter aproveitado para conviver. Há amigos que não vejo há décadas, apenas oiço a uns quilómetros de distância ou por incrível que pareça a uns meros metros de casa. Acho que a minha vida social é quase inexistente ultimamente ou mesmo nula! Enfim... constatações! Nada que doze horas de sono não ajudem a resolver. Era necessária uma revisão, pensar um bocadinho, pequeno como o ecoponto para não afectar este meu ar superficial e materialista. Depois acabei por adormecer na quinta página do Rio das Flores.

Bom...o calor aqui não tem sido tão agreste, apesar do bom tempo e do Sol raiar todo o santo dia com uma brutal intensidade que acaba por nos ferir os poros. Hoje, por acaso, está um dia triste, típico do despertar do outono esquecido. Não que esteja frio mas faz vento e, subitamente, o céu tingiu-se de nuvens carregadas que a qualquer momento parecem querer explodir.

É tudo o que se passa na minha Lisboa.