quinta-feira, 28 de agosto de 2008
Your arms around me
I was slicing up an avocado
when you came up behind me
with your silent brand new sneakers
your reflection I did not see
It was the hottest day in august
and we were heading for the sea
for a second my mind started drifted
You put your arms around me
You put your arms around me
Blood spraying on the kitchen sink
“What’s this?” I have time to think
I see the tip of my index finger
my mind is slowly creating a link
From your mouth speaks your lovely voice
the softest words ever spoken
"What's broken can always be fixed
what's fixed will always be broken”
You put your arms around me
You put your arms around me
You put your arms around me
You put your arms around
I must have past out on the porch
dreamt I was carried in a kangaroo's pouch
When I wake up I’m in the waiting room
on a dirty hospital couch
My hand iswrapped in toilet paper
and my body is wrapped in debris
you're sitting next to me reading the paper
I put your arm around me
terça-feira, 26 de agosto de 2008
Florescer

Estas flores são fruto de muita preseverança. Confesso que já tinha pensado mandar fora o vaso com a ideia em mente de que, as suas vagens verdes jamais voltariam a florescer. No entanto, a espera veio a revelar-se frutífera. Após mais de um ano sem darem flor e com muito trabalho para manter a terra sempre húmida e as vagens expostas à luz vejo novamente estas belas orquídeas animarem a minha sala. O verde das estreitas hastes foi-se diferenciando em pequenos lóbulos que a pouco e pouco cresceram e abriram-se para a vida. Para além da forma invulgar e do magnífico colorido tropical, só agora reparei no seu cheiro intenso, mas próximo! Fiquei fascinado com este "novo" elemento (pelo menos para mim). Devo estar a perder qualidades porque precisamente o olfacto era o meu sentido mais apurado. Digo, era pelo óbvio inequívoco de que o ignoraria não fosse a minha fixação em manter estas flores.
Sei que tenho andado meio adormecido.
quinta-feira, 21 de agosto de 2008
Procissão
O que é que me traz aqui?
O constrangimento de um sovaco que exala a acidez dos 36º Celsius, que ainda se fazem sentir. É de admirar porque já passam quase sete horas do meio-dia. Da metade deste dia, onde as andorinhas se queimam dentro dos seus ninhos, alimentam os filhos. Curiosamente estão em silêncio a esta hora, não chilream, não têm movimento. As que não cumprem o seu dever de mãe, contorcem as suas mínimas cabeças na sombra, nalgum ramo de uma qualquer árvore do jardim. As outras protegem os seus filhos, não sei se mães ou pais porque nunca consegui diferenciar o macho da fêmea. No entanto, presumo que sejam as fêmeas que alimentem as crias, tal como uma mulher alimenta um filho no seu ventre durante nove meses. Como às aves não lhes é permitido essa ligação, o privilégio de sentirem um ser desenvolver-se dentro de si, Deus encarregou-se de estreitar laços entre mãe e filho, certo que de outra forma, mas fê-lo. Uma forma externa e talvez por isso o desprendimento de não pertencer ao corpo de alguém não tem volta atrás. Mãe e filho deixam de se reconhecer a partir do momento que a cria consegue voar. Limitam-se a voar ao mesmo ritmo na sua romaria ao Sul no final do Verão. Mas é verdade que os preparam para a sua função, para voar. A mim ninguém me ensinou a viver. Também porque isso se vai aprendendo. Os erros sucedem-se e os momentos de felicidade acontecem, ocasionalmente porque nós os procuramos. E não devemos? A nossa missão não e ser feliz? Mas uma mãe está sempre lá a certificar-se que o caminho é o correcto, a preocupar-se por nós, pelo nosso saber ser e fazer. A partir do momento que existimos, que nos materializamos num ser visceral, que cresce dentro do seu útero, a missão daquela mulher é alterada, como que programada novamente numa linguagem de bytes no seu computador cerebral. Vivem para nos sentirem felizes.
Agora voam em bandos, suavemente junto às paredes de branco caiadas, matizam o céu azul, inócuo, mas pesado pelo calor. Já não estão em silêncio! Agitam-se em voos rasantes, dessincronizados, como que fugindo à propagação do som do estalar da pólvora. As que pousam nos ramos das árvores compõem uma sinfonia, vibrante, que ecoa nos ouvidos, milhares de seres dão vida às folhas quietas. As crianças assustam-se com os foguetes. Os cães ladram.
O ar ainda é pesado, mais pesado que a fé. Tocam os sinos! A multidão junta no adro da igreja espera pela imagem de Cristo a caminho do calvário. As suas almas vêm de perto, da freguesia e outras de longe, imigrantes que agradecem em preces as graças concedidas. As mulheres trajam roupas da última moda, desfilam a sua devoção e os homens mostram a sua força, carregam as imagens dos Santos.