domingo, 30 de novembro de 2008

Outro Outono

Se há coisa que gosto em Lisboa é a luz que inunda os dias de alegria, mesmo que seja Outono. E não me lembro, nos anos que vivo na capital, de sentir tanto o Outono como nestes dias.
Hoje acordei cedo, como de costume. Depois de bebericar o meu expresso corri para a rua e palmeei o Chiado de lés-a-lés à procura de não sei bem o quê. A chuva que caía miudinha foi engrossando e corri mais uns quarteirões com os cabelos ensopados de vida. Teimo em permanecer à chuva, ofegante, de olhar absorto nos prédios calcinados de antiguidade, empedrenidos de pó e memórias. Entre o desalento e a confusão, o cheiro a fumo, exalo o ar que me percorre, entre as folhas das árvores caídas na calçada. O Tejo cobre-se de um manto cinzento, cujas águas ondulam ao sabor da força da corrente do mar onde se entranha, como se estivesse possuído de prazer.
A chuva ainda não partiu. Parece que veio para ficar, dissipar o frio que se faz sentir a marcar o Outono. O cinzento das nuvens enche-me de nostalgia mas, o sentimento de renovação impõe o meu ritmo diário... Há que viver!

sexta-feira, 14 de novembro de 2008

Quero ganhar asas e voar

É no teu corpo que invento
Asas para o sofrimento
Que escorre do meu cansaço.
Só quem ama tem razão
Para entender a emoção
Que me dás no teu abraço.
Eu quero lançar raízes
E viver dias felizes
Na outra margem da vida.
Solta os cabelos ao vento
Muda em riso esse lamento
Apressemos a partida.
Aceita o meu desafio
Embarca neste navio
Rumo ao sonho e ao futuro
Corta comigo as amarras
Que nos prendem como garras
A um passado tão duro.
Esquece o tempo e a dor
Pensa só no nosso amor
Mulher dá-me a tua mão.
Sobe comigo a encosta
Porque quando a gente gosta
Ninguém cala o coração.

segunda-feira, 10 de novembro de 2008

O caminho


"É difícil percorrer o fio de uma navalha; tão penoso, dizem os sábios, como o caminho da Salvação."

quinta-feira, 6 de novembro de 2008


Oiço calado os versos do teu coração ecoarem tambores de celebração, de vida e de espanto. Não sei se vamos a alguma parte ou se vamos a parte nenhuma. Contudo, creio que a indecisão se repercute nas palavras que teimamos em calar. Prefiro ficar sentado com a cabeça encostada contra o vidro, sentindo as vibrações dos batimentos, da pressão do sangue que me estremece o corpo desabitado. O silêncio toma conta de nós. Não sei se o voltaremos a quebrar, falta-nos a coragem. Por enquanto, espero que a Luz nos ilumine...

sábado, 1 de novembro de 2008

Sim ou Não?


Agora sim, damos a volta a isto!
Agora sim, há pernas para andar!
Agora sim, eu sinto o optimismo!
Vamos em frente, ninguém nos vai parar!

Agora não, que é hora do almoço...
Agora não, que é hora do jantar...
Agora não, que eu acho que não posso...
Amanhã vou trabalhar...

Agora sim, temos a força toda!
Agora sim, há fé neste querer!
Agora sim, só vejo gente boa!
Vamos em frente e havemos vencer!

Agora não, que me dói a barriga...
Agora não, dizem que vai chover...
Agora não, que joga o Benfica...
e eu tenho mais que fazer...

Agora sim, cantamos com vontade!
Agora sim, eu sinto a união!
Agora sim, já ouço a liberdade!
Vamos em frente, é esta a direcção!

Agora não, que falta um impresso...
Agora não, que o meu pai não quer...
Agora não, que há engarrafamentos...
Vão sem mim, que eu vou lá ter...