sábado, 25 de outubro de 2008

50

"Depois pensemos, crianças adultas, que a vida
Passa e não fica, nada deixa e nunca regressa,
Vai para um mar muito longe, para ao pé do Fado,
Mais longe que os deuses."

Ricardo Reis



A vida passa por nós, melhor quando estamos felizes junto de quem queremos e gostamos.
Os meus avós fizeram hoje 50 anos de casados. Um motivo para celebrar toda uma vida a dois, plena como o ar quente deste dia em que, há cinquenta anos atrás decidiram unir as suas vidas. E estavam tão felizes hoje! Como julgo eu que estariam no dia do seu casamento, um dia de Outono quente e solarengo como hoje. E existem fotografias a branco e preto desse dia colorido e alegre onde se veêm mais jovens, com uma pose mais marcada. Hoje têm rugas nos contornos do rosto, cabelos cinzentos e brancos enchem as suas cabeças que vivem debaixo deste Sol alentejano, mas o seu olhar continua cheio de vida e espero vê-los sorrir por muitos e bons anos.

domingo, 19 de outubro de 2008

A Luz...

Gosto do ar, do cheiro das árvores quando chega o Outono e do pesar da terra. Mas mais que tudo gosto da Luz que invade Lisboa neste final de tarde. O verde do Jardim da Estrela desmontado em sorrisos e energia de crianças que saltam, correm, gritam e riem e brincam. Dominam o espaço dos mais velhos, cinzentos, que se animam em mesas de pedra a jogar às cartas ou simplesmente em bancos de jardim solitários a verem o tempo passar. Pouca sorte a deles, que na cidade o tempo parece passar mais depressa, porque nos falta sempre tempo para tudo.

sexta-feira, 17 de outubro de 2008

PARABÉNS David


Estas fotografias revelam o talento de um jovem fotógrafo meu amigo, do qual estou super orgulhoso e também por ser um dos vencedores do Prémio BES Revelação. É merecido sim senhor!
O David mostra um olhar subversivo da fotografia expressa como primeiro olhar. Intervém nas suas fotografias de forma a desmistificar e a acrescentar elementos reveladores da sua primeira essência.
Agora só lhe falta ganhar coragem para me fotografar!

quinta-feira, 16 de outubro de 2008

Negras águas


Pus meu sonho num navio
E o navio em cima do mar.
Depois abri o mar com as mãos
Para o meu sonho naufragar.
Minhas mãos ainda estão molhadas
Do azul, das ondas, entreabertas.
E a cor que escorre dos meus dedos
Colore as areias desertas.
O vento vem, vindo de longe,
A noite se curva de frio.
Debaixo d'água vai morrendo um sonho,
Vai morrendo dentro do navio.
Chorarei quanto for preciso
Para fazer com que o mar cresça
E o meu navio chegue ao fundo
E o meu sonho desapareça.

quarta-feira, 15 de outubro de 2008

Gavetas mal fechadas...


Às vezes desejamos que assim não seja, que a cómoda se acomode à nossa simples existência e que não deixemos gavetas entreabertas, abertas ou mal fechadas. Mas o certo é que, mesmo sem querer algumas acabam por nunca se fechar. Algumas vezes por vontade própria, com alguma finalidade ainda que, inconsciente, por algo que sentimos, fizemos ou queremos, decidimos aguardar o momento certo de a fechar. Outras vezes há em que, simplesmente não temos capacidade para as fechar, nem força física ou estrutura emocional. Esta é a estória da nossa vida... Acontecimentos sucedâneos com pontas soltas, farrapos onde serão mais fácil de prender as garras de uma qualquer bruxa intrigada e o nó da gravata que aperta o pescoço e nos dilacera as carótidas. Sugam-nos a vida, não nos deixam avançar. "Coisinhas" por resolver, de quem se acha bem resolvido é o que mais há nas nossas mãos. Devem ser o reflexo de como vivemos a nossa vida, não?
Oxalá fossem só um mero acaso.

sexta-feira, 10 de outubro de 2008

Hoje... é para esquecer!



SÊ TU MESMO, SEMPRE. MESMO NO DIA EM QUE FORES DIFERENTE, CONSEGUIRÁS SER ÚNICO E NÃO APENAS MAIS UM TRAPO SUJO DO MONTÃO.

(Depois de uma aula de ética)

Tão pequeno como eu


Quando eu nasci,
ficou tudo como estava.

Nem homens cortaram as veias,
nem o Sol escureceu,
nem houve Estrelas a mais...
Somente,
esquecida das dores,
a minha Mãe sorriu e agradeceu.

Quando eu nasci,
não houve nada de novo
senão eu.

As nuvens não se espantaram
não enlouqueceu ninguém.
Para que o dia fosse enorme,
bastava
toda a ternura que olhava
nos olhos de minha mãe...

segunda-feira, 6 de outubro de 2008

Vuelve Conmigo



Olha para o que me deu esta noite!
Piroso?
Eu gosto da força da música, da magnífica interpretação e das palavras.

domingo, 5 de outubro de 2008

sábado, 4 de outubro de 2008

Caixa de Música

São tantos os momentos em que andamos às voltas com as mais variadas coisas e situações, momentos de inquietude que nos fazem duvidar que somos capazes de passar além da sombra. Mas, por vezes, superamos os nossos limites, vamos além do que sempre considerámos ser razoável e arriscamos a ser diferentes.

quarta-feira, 1 de outubro de 2008

All or Nothing

Aguarda-te ao chegar

Perco-me no silêncio da noite,
entrecortada na janela
à luz do lampião,
onde me debruço horas a fio,
entre os dias à tua espera.
Amarra âncoras e sai do rio
Vem calar-me a solidão.
Solta as palavras ao vento,
Que o meu fado quer ser canção.



Calas-me a voz, voz do olhar
Sinto que o tempo, tarda em chegar
Distante ausente, sinto apertar
O peito ardente por te encontrar
Na minha alma, que anseia urgente
Pelo momento de ter-te presente
Pelo infinito estendo os meus olhos
Num mar de mil desejos, aguarda-te ao chegar
Encho a minha taça vazia com perfumes de poesia
Bebo a saudade amarga e fria e então adormeço ao luar
Calas-me a voz, p'ra lá do tempo
Estrelas que caem por um lamento
Espuma na areia solta no vento
O meu silêncio meu sentimento
Em minha alma que chora vazia
Por um momento se acende a magia
P'lo infinito estende o meu sorriso
Num mar azul de sonhos, acorda-me ao chegar
Encho a minha taça ardente, com incenso doce e quente
Sirvo de beber a alegria que sinto ao ver-te a chegar
Calas-me a voz
Em minha alma que chora vazia
Por um momento se acende a magia
P'lo infinito estende os meus olhos
Um mar de mil desejos aguarda-te ao chegar
Aguarda-te ao chegar